16 de setembro de 2010

Rais’ parto!

16 de setembro de 2010 2
As férias estão no fim, é oficial. 
No sossego do lar, os últimos cartuchos são passados no sofá da sala. Como lar que se preze, em frente a um sofá tem de existir um televisor e para o degredo ser em pleno esse televisor tem de exibir a programação da tarde da televisão nacional.

(aparte: acabei de ver passar na rua um motociclista sexagenário que conduzia de boca aberta. Não me parece grande ideia porque desconfio que vai chegar ao destino com a barriga cheia… de asaaaaas, como diria o touro vermelho.) 

Quando eu me lembro que a grande Júlia Pinheiro já teve uma das suas tardes dedicadas ao cocó - e desta vez de uma maneira literal e não apenas metafórica - onde a mensagem principal a reter era algo como “se a tua tripa ou arredores tiver algum problema, pode ser importante olhar prá caca que tens estado a fazer” (gosto mais de utilizar uma outra palavra em vez de caca, mas para o efeito posso assegurar que a merda é a mesma) surge o canal privado da concorrência a estrear um programa a transmitir em directo um parto!! Um parto, minha gente!! Uma cesariana (vá lá!!). Fiquei petrificada e um bocadinho incomodada mas ao mesmo tempo atenta ao que se estava a passar ali diante dos meus olhos. Porquê??

Primeiro: fiquei muito desiludida por ficar a saber que afinal os bebés não são trazidos por cegonhas de Paris. A comunicação social podia ter dado essa notícia de uma maneira mais subtil, não? :P

Segundo: eu, que nunca pari ninguém, parto do pressuposto que aquele momento é de extrema importância para a mamã e que essa importância é proporcional ao nível de intimidade do mesmo. Tanto que há por aí almas que são apologistas de que as horas pequeninas se passem em casa (coisa que também não concordo, e se há pessoa que pode discordar de partos fora de ambiente hospitalar sou EU!). Mas hoje aquela senhora decidiu que todo o Portugal merecia ver a sua barriga aberta… quer dizer, quase todo o Portugal…porque eu vi a criatura nascer, mas em compensação o recém papá não. Awesome.

*momento dramático-imaginativo* “É que era só o que faltava! O meu marido que se aguente no corredor! Ai de quem o meter aqui dentro! Desfaço-o! É um medricas, sempre que vai tirar sangue desmaia e se acorda com o nariz a pingar já acha que está com gripe suína. Prefiro que esta repórter que eu nunca vi mais gorda me segure a mão. E quando chegar a casa vou poder trocar impressões sobre a minha performance passiva de hoje com a minha vizinha do 2º esquerdo.”

Terceiro e último: o método da coisa. Eu conhecia a teoria da cesariana, mas confesso que nunca tinha visto uma em directo. Por acaso já vi um parto normal e dispenso ver mais algum seja de que maneira for, mas uma cesariana numa tv nacional, às 17h, nunca. Na sala de espectáculo, estavam uma meia dúzia de profissionais que deviam ser seguramente um(a) obstetra, um(a) anestesista, uma enfermeira parteira (“parteira abortadeira”, como dizia o Aleixo) e mais pessoal de enfermagem, digo eu, uma repórter e uma mega barriga aberta besuntada em Betadine. 
Agora acompanhem a imagem: a médica está a abrir caminho em direcção ao alvo, de bisturi em punho, e quando avista o bebé põe a mão de látex pelas entranhas da mãe adentro, escarafuncha um bocado como quem tira a rifa premiada da tômbola e XARAM! Saca uma cena ligeiramente arroxeada de lá que parece uma hérnia gigante mas que afinal é um ser humano que passado um minuto berra que se farta (e sabe-se lá quando se vai calar!). Separam-nos, esfregam o dito cujo, embrulham-no, fecham a parturiente e já está.

No final da reportagem estava tudo muito emocionado… Um verdadeiro momento Fátima Lopes (a santinha, não a estilista).
Fiquei a pensar que a Natureza é mesmo prodigiosa e perfeita porque nos elimina as memórias dos nossos primeiros momentos de vida e ao mesmo tempo nos dá mães cujo primeiro enorme acto de coragem enquanto mães é pôr-nos neste mundo.

Para não ter mais surpresas, preferi desligar o televisor.
Rais’ parto.

14 de setembro de 2010

Escola primária

14 de setembro de 2010 1
A escola primária que eu frequentei fechou.
Este ano a minha escolinha construída no tempo do Salazar - um daqueles edifícios de duas salas com um recreio XL que existiam em praticamente todas as freguesias – onde a minha irmã aprendeu a ler, onde a minha mãe aprendeu a fazer contas, onde a minha avó ensinou tantas crianças, não resistiu aos novos planos e reformas de educação e fechou.


Os miúdos agora vão para uma outra escola aqui perto, maior e que está melhor equipada face às necessidades de hoje. Está certo. Concordo plenamente.

Fica aquela nostalgia de não ver mais a canalha brava a subir as árvores e a esfolar-se toda na areia grossa do recreio, como nós fazíamos. Pelo menos ali. Espero que o façam num outro sítio, mas que o façam! Tenho lembrado alguns episódios daqueles tempos (taaaaaaaaantos!!) e resolvi partilhar um deles, em forma de composição, como nos bons velhos tempos :D


“O meu recreio”

A minha escola tem um recreio. O recreio é grande, tem muitas árvores e onde o gradeamento do recreio termina, a estrada começa. É um gradeamento de ferro e é verde-escuro. Quando entramos na escola, pelo recreio, temos de subir 5 degraus, ou seja, a escola e o gradeamento estão numa cota superior em relação à estrada (eu, aos 8 anos, não diria esta frase numa composição, mas é só para visualizarem. É importante.).

Eu gosto muito do recreio; gosto muito de brincar com os meus amigos à apanhada, ao elástico e à macaca. Quando os meninos deixam, também gosto de jogar à bola. (eheheheheh… isto é verídico!).

Eu e os meus amigos gostamos muito dos vizinhos da escola e também acenamos sempre ao Sr. Carlos, que conduz o grande autocarro que passa mesmo muito junto ao recreio e que faz com que a estrada de repente pareça muito estreitinha! Um dos meus amigos bate um bocado mal daquela cabeça (mais uma coisa que eu não diria se isto fosse uma composição da 3ª classe, mas é verdade!) e um dia decidiu mostrar-nos isso mesmo. Estávamos todos no recreio e ele resolveu pôr a cabeça dele entre o gradeamento e quando a quis tirar percebeu que tinha ficado preso pelo pescoço. Ficou de quatro, com o rabo virado para a escola e com os olhos no alcatrão da estrada. O gradeamento do recreio da escola transformou-se na coleira dele! Ah ah ah! Foi muito engraçado! (isto eu escrevia) Ele começou a chorar quando percebeu que estava preso e chorou ainda mais quando lhe começamos a gritar “Vem aí o Sr. Carlos!! Vem aí! E vai bater com o autocarro na tua cabeça gorda e vazia!”. Entretanto, a nossa professora e a dona Deolinda (a funcionária) ouviram as nossas gargalhadas e os gritos do meu amigo e vieram ajudá-lo ao mesmo tempo que nos mandavam calar. O vizinho da frente também ouviu e foi ele que trouxe e usou uma ferramenta para alargar as duas barras de ferro que estavam a prender o pescoço do coitado.

Voltámos todos para a sala e todos ouvimos um grande sermão: nós porque não ajudamos o nosso amigo e ele porque foi burro e meteu a cabeça onde não devia.

Acabou o recreio. Amanhã há mais.

Ah! O autocarro do Sr. Carlos só passou dali a meia hora.

:)

7 de setembro de 2010

Políticas

7 de setembro de 2010 0
Não sou nenhuma expert em política. Em História, no geral. (acreditem que estou a trabalhar para mudar isso!) Reconheço a importância de conhecer o passado para podermos tomar melhores decisões no futuro.

E... um dia destes ganho coragem para expôr o meu ponto de vista acerca das políticas de exclusão/expulsão de alguns países europeus em relação à comunidade cigana.
Coragem!

Um dia destes. Prometo.
:P
 
◄Design by Pocket, BlogBulk Blogger Templates. Distributed by Deluxe Templates