Lugar: Porto, S. Bento, estação ferroviária.
E começa a odisseia.
É fantástico o quão inspirador é frequentar sítios públicos.
Para começar: o que é que leva alguém a dirigir-se a uma bilheteira da CP e pedir “era um bilhete de comboio pa Braga, fáxabôr!” ?! … claro que queres um bilhete de comboio para algum sítio… de avião é que não deves poder comprar aí!
E uma vez no comboio é igualmente inspirador. Acompanhem-me.
Hoje não é um revisor, é uma revisora. Todo o homem sorri no momento de picar o bilhete, que maravilha!! Que alegria prás vistinhas!
Já as senhoras (na maioria com mais de 50 anos) olham para a jovem trabalhadora com alguma desconfiança… afinal de contas, aquilo é um trabalho de homens! (“A mocinha sabe lá que estação é que é depois de Esmeriz, ou de Senhora das Dores!!”).
Podemos também aprender coisas sobre outras culturas, não fosse o nosso cantinho á beira-mar plantado um verdadeiro ”melting pot”!
Aqui chega um pedacinho do Brasil, país irmão!, pelos relatos de um brasileiro de pronúncia nordestina, que insiste em comparar o que há de mal aqui como que há de mal no país dele. O que importa é comparar os podres! Porém não teve sorte no companheiro de debate que lhe tocou para debater, visto que o português com quem argumenta é um orgulhoso nacionalista que quer a todo o custo mostrar ao estrangeiro que Portugal é muito pior que o Brasil!!
( “ah e tal… aqui o trabalhador tem de trabalhar e baixar a bolinha, o povo nunca tem razão!” diz o tuga! … ao que o brasuca responde “pô… lá no Brasíu, o trabalhadô qui discuti num dia podi ficá sem êssi dia contado no salário, ‘viu?”.
Eu escrevo muito bem brasileiro! Não é um dialecto fácil mas eu esforço-me!:p)
Também poderia estar a aprender qualquer coisinha sobre a França com o casal pai-filha do meu lado esquerdo, mas não percebo quase nada de francês… o meu forte é mesmo o brasileiro!
Em frente está uma jovem que nem precisa abrir a boca para se perceber de onde é: o telemóvel que ostenta na mão e que berra a música da Melanie C denuncia as suas origens… sem comentários.
É normal que andem muitas pessoas de comboio, o próprio veículo apela a isso mesmo. Uma prova disso é que junto ás portas de entrada (e saída, já agora…) estão 3 símbolos: o símbolo que indica “deficiente físico”, outro que indica “carrinho de bebé com respectiva figura materna” - porque geralmente estes carrinhos não andam sozinhos, não têm autonomia para viajar sozinhos… se bem que com o avanço das tecnologias, um dia destes… quem sabe! A criança verbaliza “Blááá Bblluuuurrggg…” e o carrinho consegue interpretar que o bebé quer ir, sem sombra de dúvida, para Marco de Canaveses… mas enquanto isso não acontece alguém tem de empurrar a criancinha! (salvo seja!). E existe um terceiro símbolo que, á letra, seria “pessoa com prancha de surf” e este sim, tranquiliza-me!! Que os comboios sejam cómodos para pessoas com deficiência motora ou para os carrinhos de bebés… pah…tudo bem, (not a big deal!) mas que os surfistas não são esquecidos nem descriminados, isso sim, faz de mim uma portuguesa orgulhosa de o ser!
(Para aqueles que estarão a pensar “k é istooo?!” a resposta é: um excerto das notas que esta grande desocupada (eu própria) fez durante uma manhã, enquanto abandonava a cidade do Porto por um fim-de-semana que se avizinhava, em direcção á terra natal.)
19 de agosto de 2007
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1 comentários:
as belas conversas dos transportes publicos sao sempre inspiradoras.... qts viagens fiz e qt aprendi nessas viagens.... e agora dp d adquirir veiculo proprio e pensar q nao ia precisar mais de usar o transporte publico, eis q me vejo no papel de emigrante na sua rotina trabalho-casa tendo q usar o belo do transporte publico!! E a sorte é tanta q apesar da lingua oficiãl ser o suisso alemao apanho sempre o no nosso nas suas conversas ilariantes.... lamento das sao ricas e sabedores q n as posso partilhar... um dia quem sabe!!!
givs*
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